Estava eu num casamento - festa; sem igreja ou qualquer vínculo religioso.
Não conhecia ninguém, afora minha namorada [amiga da noiva]; uma amiga minha de PUC, madrinha do casório; e, de vista, mais duas ou três amigas da minha namorada, com as quais não possuo um pingo de intimidade. Quando muito sei o nome.
Bom. A questão é que, no decorrer da celebração - sim, houve uma celebração, apesar de não religiosa: consistia num cidadão de microfone em punho, olhando para a noiva, falando obviedades piegas; que ensaiou uma ritualística simbólica entre os quatro elementos da natureza fazendo com que os noivos plantassem árvore et coetera. Uma chatice.
Como eu disse, não conhecia ninguém, logo a emoção que, por ventura, viesse a tomar conta do lugar não me atingiria, pois não vivi nenhum dia sequer dos 11 [onze !] anos de união daquele casal. Casando justamente no dia que completavam o comemorar dessa data.
Então, qualquer coisa me distraía naquela longa meia hora - inclusive, para minha desagradável surpresa, percebi que não haviam garçons circulando. Todas as pessoas da festa estavam sem beber nada desde o início da coisa, que estendia-se, àquela hora, há mais de hora. Logo eu, um convidado [não, eu não estava "furando" a festa] totalmente alheio ao desenrolar daquela cena estava de copo vazio. E ávido por um copo de cerveja. Nem a bebida podia me alentar, por simplesmente inexistir naquele ambiente.
Voltando às distrações, afora ligeiros comentários com a Ana Luísa, o vaso de flores dos enfeites - onde as flores não tinham caule mas o vasos tinham água [seriam flores de plástico, aquelas que não morrem?]; a quantidade proliferada de padrinhos e os vestimentos dos convivas eram maneiras de desfocar minha atenção.
Foi quando o cerimonialista deu por encerrada sua parte - que, tenho certeza, foi mais enrolada que o devido, talvez buscando justificar seus honorários, mas entediando parte da audiência, que já sentara e murmurava -, que veio o fato que chamou-me atenção.
Não era a conversa, iniciando-se de fato; nem a fileira de garçons portando garrafas gélidas de Polar e gigantescas pet de refrigerente apontando da saída da copa; mas sim duas figuras discretas, porém relevantes.
Um homem e uma mulher, em pleno sábado à noite, em total atividade laboral. Eram funcionários de um registro civil oficializando a união.
Vi que a poucos interessava esse movimento legalista dentro de uma festa - ainda bem que àquela momento, o som do créu ainda não ecoava das caixas de som - mas a mim, interessou.Principalmente quando o registrador [juiz de paz ?] citou o artigo mil e alguma coisa do código civil, e disse:
"[...] em nome da lei, eu vos declaro marido e mulher."
Pus-me a pensar: em nome da lei... em nome da lei...
Como alguém [ser vivo, humano] pode falar em nome da lei. Se fosse de acordo com a lei. Como determinado em lei. Mas falar "em nome da", é uma coisa que me gerou intriga.
Fui conferir na citada lei, o código civil e lá está textualmente escrito. Logo, para cumprir seu papel o homem do cartório deveria citar daquele modo...
Quem sou eu para discutir com os civilistas...
2 comentários:
MEU CASAMENTO SERÁ UMA RAVE
sem álcool...
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