terça-feira, 2 de setembro de 2008

a zona sul do estado e a não pós-modernidade

em primeiro lugar cumpre definir que entendo a zona sul do estado do rio grande do sul como toda área com geografia pampeana, que tenha tido no século 18, 19, principalmente e 20 sua economia baseada na produção agrícola ou pecuária, com grandes extensões de terra de poucos donos, os latifúndios.
pois estando eu há 24h por paragens como a citada, consegui fazer uma rápida leitura. não há traços de pós-modernidade. ou modernidade reflexiva. ou como queira, escolha seu autor ou crie sua alcunha.
um, apenas, inegável, importante, mas mesmo assim, dentro de sua singularidade.
a internet. em wi-fi, no hotel; em lan-houses; à cabo, mas irrestrita e rápida na sede da oab.
Só.
Nada mais vejo, de tudo q se lê e se ouve sobre a contemporaneidade.
O trânsito é pouco e sem regras. muito diferente das imagens de metrópoles ou megalópoles multi cortada [ou mutilada?] por vias de diferentes naturezas - ruas, avenidas, perimetriais ou highways, com muitas sinaleiras, sinalizações, caminhões, ônibus, e análogos - contâiners móveis que entopem nossas ruas - o transporte público é necessário, bem sei e muito utilizei, mas se fosse por baixo da terra seria infinatamente melhor - sem questões simbólicas de esconderijo. Culpa do excesso de carros, tb. com certeza, mas aí a discussão aponta pra fatores econômicos de alta nas linhas e crédito e culturais do sonho do carro próprio [e cada vez maior e mais potente e mais aflito por gasolina]. não é a idéia.
convivem aqui, com carros, motos e alguns ônibus, carros de boi, cavalos e cavalarianos e carroças [tudo bem, porto alegre tb tem, mas em proporção, bem menor].
pessoas tomam mate. muto. e o fazem nas varandas de suas casas. de madeira ou de alvenaria, em ruas de chão ou paralelepípedo. maioria de portas [de grades ou telas] abertas. carros são abandonados por alguns minutos, nalgum lugar, ligados e abertos. os donos dos comércios [setor que mais aparece, numa vista rápida como a que pude ter] raramente estão atras do balcão. estão ao redor do estabelecimento, conversando com fregueses.
muitos jovens, que tem tempo para tudo. muitos idosos, que tem muito tempo para pouca [ou alguma] coisa e pouco tempo para olhares outros. enfim, o tempo, tão discutido, o qual temos, no singelo limite da linguagem, a forma para nos referirmos a ele, é diferente aqui. como dali, ou de acolá. mas imagino ser um tempo análogo, em comunidades como esta, desse recanto do mapa, desse sul desse estado.
onde cinemas eu não avistei. onde bibliotecas eu não localizei, menos que isso, pois mais que o jornal, eu não vi na mão de nenhum habitante. antes o crochê. e/ou o mate. onde a música é única, a dita "gaudéria", com pequenas variações. nem o celular está tão presente.
enfim, a crise que afetou o setor agrícola/pecuário, no séc 19, a grande concentração de terras em poucas mãos, a não-modernização dos meios de pecuária, a dificuldade de se alterar a cultura da terra e passar a plantar [desconheço as questões de eng. agrônoma na região] são fatores que levaram a fuga dos jovens para locais com ensino superior e a completa estagnação econômica-social e cultural dessa região, que chamamos de pampa e do qual tanto nos orgulhamos.

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