A data de ontem ficará marcada na história [colombiana, principalmente] pelo resgate de 15 prisioneiros que estavam sob cárcere estabelecido pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC.
O grupo rebelde, que luta há mais de 40 anos contra os governos postos [autoritária ou democraticamente] buscando, ideologicamente, impor um regime comunista naquele país, através da guerrilha, teve ontem uma perda significativa.
Não foi o fato numérico, de 15 prisioneiros seus terem voltado ao status de liberdade que simboliza a derrota. Mas sim, de que uma das libertadas, Ingrid Betancourt era, ao tempo de seu sequestro, candidata a presidência colombiana. Além do que, a referida ex-prisioneira possui nacionalidade francesa, o que traz uma amplitude diplomática ao caso, fazendo com que Nicolas Sarkozy pronuncie-se oficialmente sobre o caso.
Os prisioneiros são moeda de troca humana, pelos princípios das FARC, que buscam a liberdade de companheiros presos pelo governo "oficial". Após baixas em combate e por problemas de saúde em suas fileiras mais altas, o grupo rebelde perde a principal peça em seu jogo político. É, como disse um jornalista, um Annus Horribilis para as FARC, citando Elisabeth II, ao falar de 1992.
Há poucos anos, as FARC ocupavam significativo espaço territorial na Colômbia. Hoje reduzida a regiões de mata e pequenos povoados, o grupo não tem mais a mesma força.
Aplaudo a libertação dos reféns, enquanto seres humanos, usados como mercadoria política numa guerra civil que divide a Colômbia. Por simplesmente merecerem a liberdade.
A estratégia militar merece comentário: usando técnica de infiltração de pessoal no seio da organização, inteligência e informações obtidas com ex-prisioneiros ou desertores, o exército colombiano resgatou os reféns sem disparar um tiro sequer.
O que me preocupa é que uma ação dessa natureza legitima o governo policialesco de Álvaro Uribe, financiado pelos EEUU, numa tão aclamada guerra às Drogas. Autorizando intervenções militares e disputas que causam instabilidade ao Norte do Brasil, onde país coligados geograficamente governam com interesses diametralmente opostos, ao menos na teoria. Espero que retaliações não venham a acontecer.
É uma derrota de foma geral dos grupos "esquerdistas", rebeldes, armados.
É uma vitória pessoal para cada um dos libertados.
Mas o quão boa, para o mundo, é a conquista de Álvaro Uribe e, por consequência, dos Estados Unidos ?
2 comentários:
Saiu numa revista que na real esse negócio da inflitração é lenda, que os Estados Unidos pagaram 20 milhões pelo resgate. Não duvido e acho crível, os caras tem 500 reféns, não cairiam nessa. Engraçado é esse promotores alucinados compararem o MST às FARC...
pois é, tenho ouvido e lido sobre a história do pagamento de resgate pelos reféns, inclusive na imprensa local [Sant´Ana e Lauro Quadros]. É possível, sim. E que desconhecimento. Comparação que não se sustenta, mas que tb não surpreende vindo desde onde veio.
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