sexta-feira, 18 de julho de 2008

Grêmio e as reflexões sobre a contemporaneidade

Em tempos de crises, insegurança, maxi-penalização e tolerâncias-zero vale a boa reflexão do colega e amigo Nicola Centeno sobre o que nos resta - e, por sorte, não é pouco. Apesar das limitações arbitrárias, orgânicas ou morais, ter o Grêmio como via de escape é um alento. Salve

"Não mais se pode transar sem camisinha. Dá AIDS!
Não mais se pode comer a gordurinha da picanha. Dá infarto!
Não mais se pode ir de carro fazer um happy hour com os amigos depois do trabalho. Dá cana!
Não mais se pode fumar um cigarrinho inocente e charmoso. Dá câncer!
Não mais se pode cantar a secretária boazuda. Dá assédio!
Não mais se pode criar uns bichinhos em casa ou caçar uns pardais com "bodoque". Dá Ibama!
Não mais se pode chamar um camarada de negão. Dá racismo!
Não mais se pode chegar de carro na frente da casa de um amigo. Dá roubo!
Não mais se pode passear sem camisa sob o sol. Não tem camada de ozônio!
Não mais se pode tomar umas geladas no Olímpico. Dá multa!
Não mais se pode fazer um rolinho por telefone. Dá grampo!
Não mais se pode dar uns tapinhas na sua própria mulher. Dá Lei Maria da Penha!
O que pode é passer de mãozinha, homem com homem, mulher com mulher (o Tim Maia deve estar se revirando no túmulo!).
Isso eles acham bacana. Isso eles acham legal. Isso pode. Mas eu também tô cagando e andando pra isso.
O importante é o seguinte: amanhã, sábado, o lance é fazer um churras, beber umas brahma e ir pro Olímpico, pois está aberta a temporada de caça à Raposa!!!
E foda-se a AIDS, pois a gente come o Saci mesmo (usando a toca dele como camisinha).
Foda-se a gordurinha da picanha e o câncer de pulmão, pois a pernada até o Olímpico queima as calorias e limpa os purmão.
Foda-se a Brigada, pois beber a pé ainda pode.
Foda-se a secretária boazuda, pois sábado ela tá de folga mesmo.
Foda-se o IBAMA, pois a Raposa tem mais é que se foder.
Foda-se o racismo, pois xingar a macacada pode.
Foda-se o o buraco da camada de ozônio, pois o manto tricolor segura a onda solar.
Foda-se o roubo de carros, pois até a pé nós iremos.
Foda-se a lei seca no Olímpico, pois lá chegaremos bêbados mesmo!
E foda-se o grampo e a Lei Maria da Penha, pois eu não faço rolo por telefone e não tenho mina prá dar porrada mesmo!!!
Dá-lhe TRICOLOR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ronaldinho Gaúcho - futuro no futebol ?



Terminou ontem, 15 de julho de 2008, uma das mais arrastadas "novelas" do futebol internacional.

A venda de Ronaldinho Gaúcho, que sai do Barcelona [Catalunya] para o Milan [Italia].

A negociação envolve númeos astronômicos [porém, não os maiores que já circularam o mundo da bola]. A compra dos direitos do jogador por 21 milhões de Euros, que assina contrato até 2011, com possibilidade de acréscimo de 5 milhões por uma classificação à Champions League; um salário anual que, na Espanha alcançou 7 milhões de Euros por temporada e no Milan fica "apenas" em 3,5.

Surge a questão: quem fez o bom negócio ?

O Milan? que recebe um Ronaldinho renovado [aparentemente] na sua vontade de jogar futebol num novo ambiente.

Ronaldinho ? Que vai a um time de maior calibre que o Barcelona [em nível de títulos: o Milan é tetra campeão mundial de clubes; nove x campeão da Champions; o Barcelona é bi da Europa mas nunca ganhou o Mundial - uma derrota com esse cidadão objeto do post. Em grife os clubes se assemelham]; que jogará ao lado de Pato e Kaká, dois excelentes jogadores; onde lhe oferecem a possibilidade de jogar a Olímpíada pela Seleção Brasileira, fator determinante na negociação - tendo em vista a concessão por parte do [ex?]atleta e seu irmão/procurador Assis sobre os 15% do percentual de venda - algo em torno de 4 milhões de Euros.

Ou o Barcelona ? Que coloca no bolso limpos toda aquela quantia citada, alivia um salário nababesco de sua conta; extirpa do vestiário um atleta pouco afeito aos treinos, que desde a metade de 2006 [pós conquista da Champions League] não tem uma regularidade de boas [ou ótimas, como os fãs esperam] atuações; baladeiro de carteirinha e, o pior de tudo, considerado amarelão/pipoqueiro?
A julgar pela foto acima tenho minhas dúvidas da excelência da negociação para o time Milanês. Joan Laporta [de gravata] parece mais confiante, feliz e sabedor do passo que está dando ao negociar, nestes termos, o jogador com o Milan - representado por Galliani. O atleta tem aquela cara ali, que nós conhecemos - até deve estar feliz em não brigar para jogar a Olimpíada e continuar em times de primeira linha [ao contrário do que aconteceria se fosse ao Manchester City, da Inglaterra].
Só o tempo e as demonstrações dentro das quatro linhas irão mostrar quem tem razão.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

polícia - para quem precisa ?


Rio de Janeiro, domingo, 6 de julho.


Policiais, em uma viatura, supostamente perseguindo um automóvel com sujeitos que haviam praticado roubos, têm sua passagem na via liberada por um terceiro veículo, que, ao que parece ajuda a força pública na perseguição.

Note-se: a polícia persegue um carro escuro - FIAT Stilo conforme está se apurando.

O carro que dá pasagem é um FIAT Palio Weekend. Bastante diverso. De qualquer ponto de vista. Afora a cor - mas nem nisso são equivalentes.


Não obstante, policiais descem e abrem fogo contra o veículo que acabara de lhes dar passagem na via pública.

O carro não é tripulado por supostos delinquentes. Não há troca de tiros. Nem suposta [putativa] ameaça à integridade dos agentes policiais.

E, sim, por uma mãe com duas crianças, ambas no banco traseiro.

Ao ter o carro alvejado, em desespero pela vida sua e dos seus, a mãe joga uma bolsa característica de carregar materiais de nenê porta afora.


Seguem os disparos. Dezesseis no total.


Uma criança de 4 anos é acertada duas vezes. Morre.


Afora o choque - ainda me choco com algumas coisas, resta a pergunta, imortalizada pelo rock-denúncia dos Titãs:


"polícia - para quem precisa?

polícia - para quem precisa de poíicia?"

quinta-feira, 3 de julho de 2008

o resgate de Ingrid Betancourt - derrota das FARC


A data de ontem ficará marcada na história [colombiana, principalmente] pelo resgate de 15 prisioneiros que estavam sob cárcere estabelecido pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC.


O grupo rebelde, que luta há mais de 40 anos contra os governos postos [autoritária ou democraticamente] buscando, ideologicamente, impor um regime comunista naquele país, através da guerrilha, teve ontem uma perda significativa.


Não foi o fato numérico, de 15 prisioneiros seus terem voltado ao status de liberdade que simboliza a derrota. Mas sim, de que uma das libertadas, Ingrid Betancourt era, ao tempo de seu sequestro, candidata a presidência colombiana. Além do que, a referida ex-prisioneira possui nacionalidade francesa, o que traz uma amplitude diplomática ao caso, fazendo com que Nicolas Sarkozy pronuncie-se oficialmente sobre o caso.


Os prisioneiros são moeda de troca humana, pelos princípios das FARC, que buscam a liberdade de companheiros presos pelo governo "oficial". Após baixas em combate e por problemas de saúde em suas fileiras mais altas, o grupo rebelde perde a principal peça em seu jogo político. É, como disse um jornalista, um Annus Horribilis para as FARC, citando Elisabeth II, ao falar de 1992.

Há poucos anos, as FARC ocupavam significativo espaço territorial na Colômbia. Hoje reduzida a regiões de mata e pequenos povoados, o grupo não tem mais a mesma força.


Aplaudo a libertação dos reféns, enquanto seres humanos, usados como mercadoria política numa guerra civil que divide a Colômbia. Por simplesmente merecerem a liberdade.


A estratégia militar merece comentário: usando técnica de infiltração de pessoal no seio da organização, inteligência e informações obtidas com ex-prisioneiros ou desertores, o exército colombiano resgatou os reféns sem disparar um tiro sequer.


O que me preocupa é que uma ação dessa natureza legitima o governo policialesco de Álvaro Uribe, financiado pelos EEUU, numa tão aclamada guerra às Drogas. Autorizando intervenções militares e disputas que causam instabilidade ao Norte do Brasil, onde país coligados geograficamente governam com interesses diametralmente opostos, ao menos na teoria. Espero que retaliações não venham a acontecer.


É uma derrota de foma geral dos grupos "esquerdistas", rebeldes, armados.


É uma vitória pessoal para cada um dos libertados.


Mas o quão boa, para o mundo, é a conquista de Álvaro Uribe e, por consequência, dos Estados Unidos ?

presídios e emergência

notícia de hoje no jormal "mais importante e conceituado" do rio grande do sul, informa que os presídios gaúchos podem entrar em estado de emergência.
Alavancados por duas questões bem pontuais: o relatório da cpi do sistema carcerário, onde afirmam os parlamentares que o presídio central seria apior instituição carcerária do Brasil - note-se há 1.500 vagas, transitam nesse inferono, hoje, aproximadamente 4.500 homens, entre presos condenados e provisórios, vivendo sob regime de ordem próprios, alheio à toda e qualquer civilidade ou regra [im]posta pelo Estado; outro motivo seria uma ação civil do ministério público gaúcho que requer, através do judiciário, que o governo do RS crie 10 mil vagas no sistema carcerário.
Somo a isso o fato da uma Magistrada de Taquara [RS], jurisdicionando na Vara de Execuções Criminais - VEC, interditou um presídio estadual, usando atribuições dispostas na Lei de Execução Penal -LEP. Para combater a decisão a Procuradori Geral do Estado PGE ingressou com mandado de segurança. Distribuído à 5ª Câmara Criminal, teve sua segurança denegada, garantindo a interdição do estabelecimento prisional, com voto de relatoria da desembargadora Genacéia Alberton. Com o qual concordo na íntegra, ressaltando a brilhante passagem transcrita de ium parecer do Procurador de Justiça Luiz Carlos Ziomkowski, o qual ponho o link para acesso:
Voltando ao estado de emergência, que é público, mas não é notório, pois a classe média não olha "para lá", a decretação oficial desse estado de emergência fará com que recursos de programas federais aportem no estado para a construção de mais presidios. Sem licitação. Seria mais prudente fazer uma força tarefa com OAB, defensoria pública, MP e judiciário para agilizar os processos nas VECs do estado, liberando reclusos que já cumpriram pena; progredindo de regime os que tem esse direito. Porém, são louváveis tentativas de humanização da vida no cárcere, as quais apoio. Não deixando de entendê-las como insuficientes. E não concordando com a maxipenalização instaurada, frisando sempre que a colocação e um cidadão no cárcere deve ser medida última a ser tomada pelo estado, dada a barbárie que é o sistema.

Fluminense e a derrota




Sei, como torcedor, a tristeza que é perder uma final de campeonato. Da magnitude da Libertadores da América, inclusive. Até mais que isso. Nos pênaltis, então, é muito doloroso. Mas, ao contrário dos tricolores cariocas, eu e a imensa massa gremista conhecemos a glória das conquistas - da Libertadores, claro. E do Mundial.




Torci para o Fluminense. Renato Portaluppi é o maior ídolo da torcida gremista e hoje comanda o tricolor carioca do banco de reservas. Roger, lateral/zagueiro também é grande jogador, participante ativo de importantes conquistas com a camisa do tricolor dos pampas. Sempre, pois, com lugar cativo na admiração dos fãs.




Ademais, o Fluminense é um clube simpático. Tricolor como Grêmio, não divide as falcatruas políticas do Vasssssscão [como os cariocas dizem] dos últimos dez anos - meus mais ativos futebolística e clubísticamente falando. Tampouco ao "amor" e simpatia que populações do nordeste, do centro-oeste e inclusive de santa catarina, além dos cariocas, claro, nutrem pelo [Fla]Mengo. O Fluminense é um clube mais aristocrático, menos popular [por mais preconceituoso que isso soe] mas nem por isso pequeno. Lá passou um dos melhores jogadores do mundo, que infelizmente eu pouco vi jogar. Roberto Rivellino. Time de intelectuais e artistas - Chico Buarque e Jô Soares são seus aficcionados, tem também, para mim, uma carga "genética". Meu avô, Wolmar Motta, por menos ligações históricas que tenha, é torcedor [em segundo plano] do Flu. Tem também a questão comparativa, não chegando, o clube carioca, ao patamar do Grêmio, ficando em nível inferior na escala global do futebol.




Por tudo isso, admito que torci pelo Flu, nutrindo esperanças de ver o clube campeão da América.




Porém, algo falou mais alto. A incompetência nas cobranças de pênalti, por parte dos jogadores cariocas, foi alarmante. Conca, excelente meia argentino, Thiago Neves, o destaque, até ali, do jogo, com 3 gols e o avante Washington foram medíocres, nervosos e carimbadores em suas cobranças, acabando por premiar um goleiro, Cevallos, que, na reta final de sua carreira, aos 38 anos, alcança o topo do futebol sul-americano. Posto que quase alcançou em 1998 ao ver seu time na época o Barcelona Sporting Club, de Guayaquil [correção do atento Bruno Muñoz], derrotado pelo também carioca Vasco da Gama, com seu famoso ataque Luizão e Donizete "Pantera", auxiliados pelo talentoso Juninho Pernambucano.




Ficam os parabéns aos equatorianos, que através da Liga Deportiva Universitária - LDU conquistam seu primeiro título de Libertadores da América.

Exército no Morro = mortes


Absurdo.

É a classificação que posso dar ao caso que sucedeu no meio de junho.

Em meio à obras de reforma no Morro da Providência [Rio de Janeiro], levadas à efeito por projeto de lei do senador Marcello Crivella [pré-candidato ao posto de prefeito do Rio] que, em seu texto já dizia acerca do uso do exército brasileiro para fazer "segurança" um fato estarrecedor ocorreu. Muitos ocorrem, mas poucos chegam à mídia.


Soldados e Tenentes do exército, sentindo-se ofendidos e desacatados, sequestraram três jovens daquela comunidade e os negociaram [ou entregaram, apenas] à um comando paraestatal que domina outra comunidade - situada no morro da Mineira, também na capital fluminense.

Lá, por serem de outro lugar [ou de lugar nenhum] foram torturados e mortos.


A questão da tortura e da morte não é o que mais choca. A qustão de julgamentos sumários e mortes violentas é lugar comum nesses [cada vez mais comuns] locais - comunidades marginais, situados em todos os centros urbanos, onde o Estado apresenta-se apenas com a força, para exercer o controle social, frisando apenas o controle, nunca o social.

Note-se que, mesmo quando o Estado vai atuar no social, reformando casas e infra-estrutura da favela, leva consigo seu aparato bélico mais morítifero e despreparado para lidar com a população - o exército. Seja exercido por Comandos [coloridos, numéricos] ou outros como as milícias.


Mas o problema está no fato do despreparo e mau uso do contingente militar, que está servindo de polícia, usurpando funções, abusando de uma autoridade que não possuem, impondo um novo tipo de terror em comunidades que os desconhem.


E, quando um novo Ministro do Meio Ambiente assume - Carlos Minc, sugerindo que usem forças militares no combate à devastação amazônica e preservação de fronteiras e patrimônios públicos naturais, há uma revolta do alto comando do exército, dizendo que o mesmo não se prestaria à tal diligência?


Então. Para que servem as forças armadas?


com certeza não deve ser para julgar atos que seus próprios membros cometem, como está ocorrendo nesse processo que tramita no local acima fotografado.

do retorno - e da sequência trágica do cotidiano

Passados aproximadamente dois meses e meio - da metade de abril, onde postei um pequeno trecho sobre o caso de maior comoção nacional [não por acaso o de maior cobertura midiática] dos últimos tempo - até esse início de julho e do segundo semestre do ano de 2008, volto a "me comunicar comigo mesmo" através dessa janela mágica virtual.
Interessante que, justo nessa volta, quando ouso a me manifestar acerca dos assuntos mundanos, um caso chama [pouca] atenção: o da mãe que jogou uma filha pela janela. Parece estranho, mas algo não despertou a atenção do público e da imprensa - um centésimo de foco foi destinado ao caso presente em relação ao da menina Isabella.
O que será que leva a tal fenômeno. Busco explicações [precárias e parciais] apenas no fato de que, no caso presente a mãe - em suposto surto psicótico [ou alguma forma clínica análoga. Vou ter de perguntar à minha namorada...] simplesmente arremessou a criança. Mas entregou-se à polícia e sem alarde confessou o ato.
Agora me pergunto: será que a falta de uma confissão pública por parte da[s] pessoa[s] que jogou[aram] Isabella era a mola propulsora de todo o desenrolar dramático. A ânsia vingativa popular aliada à enorme contribuição televisiva [de rádio e internet] exigindo uma prova verbal do[s] autor[es] do fato era o que alimentava tudo aquilo?
fica a indagação.