Vivemos na semana passada [3-7 de março] episódios militares-políticos que poderiam ter ocasionado um conflito armado na região norte da América do Sul.
Conflito que teve início com uma ilegítima invasão de militares colombianos em território equatoriano, visando a captura - no estilo velho oeste norte americano de dead or alive - de guerrilheiros da FARC [forças armadas revolucionárias da Colômbia - facção de guerrilha que detém o domínio de aproximadamente 30% do território colombiano, perfazendo-se no Estado daquelas regiões].
A intenta militar colombiana, nos moldes em que foi planejada, obteva sucesso. Um dos altos guerrilheiros, o número 2, como foi veiculado pela imprensa, foi assassinado pelo exército. Porém, para ter alcançado este feito terrorista, mas do ponto de vista de guerra interna colombiana uma vitória para os que dominam o poder oficial, um ato de crime político foi realizado.
A invasão de território estrangeiro inautorizada, fere a dignidade do país invadido, no caso o Equador. Porém, a questão tomou ares mais dramáticos quando o líder venezuelano Hugo Chávez resolveu intervir no incidente diplomático.
O jogo de interesses envolvendo Venezuela - FARC - Colômbia sobrepujou a atingida soberania equatoriana. Informações [de fonte dúbia] sobre financiamentos venezuelanos à FARC, assim como a marcha de soldados a mando de Chávez à fronteira entre os dois países marcaram os atentados. Acusações de parte a parte entre o tríduo oficial Equador + Venezuela - Colômbia marcaram os fatos políticos no continente.
Para o bem de todos, Chávez não pode estrear seus armamentos adquiridos ao longo de seu mandato - helicópteros, tanques, blindados e fuzis, comprados desde o Brasil e da antiga URSS, assim como a não-intervenção americana [que provavelmente não pode suportar o peso político e econômico de um novo conflito] em prol de seu aliado Álvaro Uribe, assim como a intervenção diplomática e bem feita do Brasil, através de chanceleres e do próprio presidente Lula, levaram ao não-conflito.
Mas, cuidado. Rafael Correa e seu Equador pareceram meras figuras coadjuvantes nesse cenário, que agrega interesses de diversas ordens - militares, políticos e econômicos. Como se sabe, Colômbia e EUA são aliados, tendo o país do norte já investido bilhões numa guerra às drogas e bancando o governo de Uribe; Chávez tem inúmeros campos de petróleo, armas recém adquiridas e uma cultura militar, além de aliados políticos na américa do sul e central.
Um conflito dessas proporções pode arrasar com áreas de muitos países, população [civil, principal atingida em conflitos a partir dos anos de 1990], assim como um possível bloco forte política e economicamente, o que enfraqueceria a região e aumentaria as linhas de dependência externa, tão enraizadas.
Menos mal que a atual semana começa com renovações de relações diplomáticas - reestabelecimento dos diplomatas nos países opostos - entre os principais envolvidos - Colômbia e Venezuela. Na foto acima, a diplomacia e a hipocrisia em cena. O aperto de mãos e o 'tapa nas costas', simbolizando o fim parcial do conflito, após graves acusações de crimes e terrorismo.
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