terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

sobra A Ilha e afins

O tanto que se pode dizer a respeito de um governo que teve extraordinários 49 anos de duração encheria meia biblioteca. Não estando focado em fazer longa digressão acerca da Era Fidel, em Cuba, mas apenas manifestar-me de alguma forma.

Sintetiamente, temos como positivo em Cuba uma população que não vive em linhas de miséria como ocorre em vizinhos próximos - v.g. Jamaica [que sofreu nas mãos imperialistas inglesas] e o Haiti [que é efeito colateral, entre outros motivos, de duas sangrentas ditaduras perpetradas por pai e filho - os Duvalier, ou como ficaram conhecidos: Papa Doc e Baby Doc].

Além de não passarem [tantas] privações, o povo possui acesso a saúde, que é reconhecidamente boa, tendo formado muitos médicos brasileiros; e creio, a educação fundamental chega em quase 100%.

E aí está um grande problema.


Ótimo que toda a população tenha acesso ao saber. Mas e a qualidade desse ensino ? e a viciada ideologia que com certeza impregna tal aprendizado ?


Quanto ao despotismo ? excessos de vítimas e refugiados ?


São efeitos colaterias de uma ditadura; nenhum líder fica meio século no poder sem fazer inimigos. Nem mesmo com a queda da URSS em 1989 - fazendo secar a principal fonte de abastecimento fnanceiro e o maior mercado comprador de seus produtos - Cuba sucumbiu. Foram quase 20 anos sem um aliado que lhe bancasse econômia, política e militarmente, e mesmo assim prosseguiu o regime.


Seria, pois, louvável um regime como este ?
que mantém o povo pobre - não miserável - abaixo de [pouca] comida, saúde e discursos panfletários - sim, panfletários. Em 1959, na Sierra Maestra, os ideários que levaram os amigos Raúl Castro - hoje Chefe de Estado - e Ernesto Che Guevara - hoje mito - a derrubarem um governo corrupto e submisso, podiam ser puros, eivados de Marxismo. Mas após anos de poder, exercido por um terceiro ator - que no decorrer do século passado foi uma das mais importantes figuras - tal ideologia passou a ser forma de manobra da maioria.

Claro que não há louros.


Mas tampouco o castrismo foi um governo puramente tirânico.


Todos os Estados - democráticos ou totaliáros - matam; uns, como Cuba, os dissidentes e inimigos políticos, no paredón; outros, para roubar poços de petróleo no Oriente Médio sob a falácia de implementação democrática e erradicação de armamento letal; e um terceiro, que não consigo lembrar onde se situa no mapa, que mata os pobres, subproduto de um capitalismo de rapina, sob o aplauso da hipócrita classe média, que vê, miopemente, no recrudescimento da lei penal e do abuso aos direitos humanos, a saída [?] para um grave problema social, que só se resolveria partindo da educação.

São questões pertinentes, entendo eu. Mas nem Cuba muda com o Raúl Castro; nem Lula mudou o Brasil.

Será que Barack Obama muda os EEUU ? seria um bom [re]começo para o mundo...

Um comentário:

Dudu Fraga disse...

A principal questão em Cuba, pra mim, é a seguinte: o que vale mais, um país medíocre em qualidade de vida e medíocre em pensamento inovador e, por que não, revolucionário ou um país pobre em qualidade de vida, mas com espasmos de genialidade?

Nos últimos 50 anos de Cuba dá para se contar nos dedos as revelações culturais que de lá surgiram. Os poucos que surgiram foram os que fugiram de lá. Praticamente toda a população cubana é ignorante ao que está acontecendo no mundo e não quer sair da sua vida simples e pacata. Não quer ousar, não quer evoluir. Está feliz com o que tem e com o que é oferecido, na minha opinião por ignorância.

Mas ai é que está a beleza da dúvida e da discussão. A liberdade e a não ignorância no Brasil é muito menor comparado com Cuba. Temos pessoas fantásticas em várias áreas surgindo e quebrando constantes paradigmas culturais, mas em detrimento de quê? De parte da população passar fome e morrer na violência urbana?

O que é melhor, ser ignorante, mas feliz por nada saber (como já diria o filósofo) ou compreender o mundo e ter capacidade e consciência para ousar e evoluir, mas com muitos prejudicados?