semana passada re assisti o Iluminado e, devido a questões do filme e de contexto, preciso compartilhar minhas ideias, nem que seja com o blogger.
Estou numa fase de comprar filmes em dvd. Tenho a impressão de que vou acabar como alguns amigos meus, que fizeram uma videoteca em casa na época [continua com acento? ideia, ali em cima, perdeu...] de VHSs e hoje tem um monte de entulho em casa. Bueno. A questão é que estou comprando obras cinematográficas com critérios muito pessoais de escolha. Do diretor à oportunidade, passando por uma boa coleção da revista Veja [alguma coisa boa pela Veja !]. Chama cinemateca Veja, onde 50 títulos MUITO diversos estão ali entabulados, oferecidos com uma revista que disseca o filme, o diretor, os atores a até a trilha sonora a um preço bem razoável cada edição - menos de 15 mirréis.
A coleção vai de O Estranho Sem Nome, western de 1973, dirigido e estrelado por Clint Eastwood [confiram Gran Torino, em cartaz, merecedor de um post próprio] até Uma Linda Mulher, passando por Mad Max e Pulp Fiction. Lógico que não irei comprar todos, inclusive por uma questão de economia, mas principalmente porque Titanic não precisa estar na minha casa.
O Iluminado, então, faz parte dessa leva.
Tinha assistido ao filme uma única, solitária e despropositada vez. Estando de posse da cópia, com uma tv nova pedindo uma estreia de nível, resolvi rodá-lo. Fato interessante e marcante até certo ponto, é de que o sujeito que rabiscou a minha tatuagem leva no antebraço o momento acima, onde a central da face de Jack Nicholson passa por uma fresta de porta de banheiro recém aberta a MACHADADAS.
Montei o cenário em casa - da boa acomodação à escuridão total no recinto.
Prestei a devida atenção e, resultado meio óbvio - exceto para a crítica da época do lançamento, 1980, que caiu de pau no filme, sendo inclusive indicado pro framboesa de ouro - curti muito, memso não sendo fã de filmes de terror. Está muito mais para Os Outros do que para Sexta feira 13.
O grande lance do filme, na minha captação e leitura do livretoembutidoquevemjuntocomofilme é o INFERNO. Claro que para entrar na atmosfera do filme tem que se deixar levar pelo Stephen King - autor do livro que deu origem ao filme - e pelo metafísico/espiritismo/ocultismo/sextosentido [I see dead people] total.
O personagem de Nicholson é um alcoolatra em recuperação, professor e escritor frustrado - ele vai pro hotel pois teria, em tese, tempo e tranquilidade pra escrever. Questões que Kubrick queria ter exposto, mas ficaram fora do filme. Voltando ao andar subterrâneo, vemos o cara, já surtando pela solidão [só o núcleo familiar - esposa e filho], falta do que fazer e de produtividade literária [e o ócio criativo?] e - suponho, pela feiúra da mulher dele, interpretada por Shelley Duvall, vai a o bar do hotel e o vê totalmente vazio. Ato seguinte, Jack [Nicholson] Torrance fala "eu venderia a alma por um drinque". TAÍ. Logo ele vê uma figura bizarra como barman [lembra o Seu Madruga, como Mephistófolis, num Chapolin] e as prateleiras do bar ficam completamente tomadas de uísques, licores e biritas de todas as ordens. Ele bebe. E daí a loucura e o caráter sinistro do filme só aumentam, com a exigência, pelos credores da morte brutal daqueles dois que andam rodando pelo hotel.
Daí a Stephen King ter bebido direto nas maiores fontes do gênero - na bíblia e em GOETHE [, Johann Wolfgang von] é concreto. A clássica troca da alma é o ponto crucial da trama. Mais do que a "iluminação" [suposto dom de ver passado e futuro e ler almas de outros ] que o filho do protagonosta possui [além do cozinheiro do hotel] e que dá nome ao filme. Mais do que a importância da aparição daquelas macabras irmãs não-gêmeas de mãos dadas.
Re [ou] vejam.
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