terça-feira, 14 de abril de 2009

questões econômicas em tempos de crise

apesar de se arrastar por mais de 6 meses a dita crise mundial só agora arrisco algumas linhas sobre economia, num sentido bem lato, até pelo meu conhecimento ser parco. Não vejo além das notícias publicadas em jornais e sites e da mídia televisiva e radiofônica, com alguma leitura que inclua questões econômicas contemporâneas e o dia-a-dia da advocacia em um escritório de direito empresarial.
Tenho percebido, desde as fontes acima e de conversas com empresários, as dificuldades de se manter uma empresa. Digo empresa no sentido amplo da palavra - pode ser uma transportadora, uma distribuidora de gêneros alimentícios, indústria de complexos produtos ferroviários, construção civil - para ficar em exemplos próximos de clientes com os quais trabalho.
E a partir daí pode passar uma das causas da crise.
A dificuldade que falo vai passar por todos os estágios de produção, da questão tributária, de compra de matéria prima, de processos de industrialização, da logística [transporte, distribuição e armazenamento de produtos], dos riscos da responsabilidade civil, de trabalhar com material humano - questões subjetivas de cada um dos empregados, com cargas de trabalho e serviços totalmente diversos até as questões trabalhistas - no Brasil, sabe-se, a Justiça do Trabalho é benévola em relação do mísero em detrimento dos empresários. Posição enfrentado por um Magistrado conhecido deste blogueiro, que carrega a máxima "se eu quebrar [desfalcar financeiramente por uma condenação trabalhista] a empresa, eu quebro o Brasil" - acho exagerada a posição, mas tenho que concordar parcialmente com ela - sem querer ser do muro, mas não nem escravidão, nem enriquecimentos ilícitos através da Justiça do Trabalho - não se pode deixar a exploração do empregador imperar, porém, há de se valorizar a pessoa que é empreendedora, que produz empregos - e aí volto ao tema do post.
Numa gama tão diversa de responsabilidades e dificuldades - da responsabilidade civil aos trâmites trabalhistas - porquê investir numa empresa tradicional ?
Pra que ficar sujeito a pagar indenizações milionárias; de estar à mercê da natureza [inundações/enchentes/secas]; de correr o risco de responder processo criminal/ser preso por conta de um não pagamento de tributos - que muitas vezes não foram pagos pois, se fossem, inviabilizariam o funcionamento da atividade e/ou o salário dos empregados ? Pra quê tudo isso?
Na minha opinião é o que passou pela cabeça de muita gente, principalmente a partir dos anos 1990. E esses empreendedores, reprimidos em sua vontade pelo medo das consequências de se abrir empresas "normais" - com produtos/serviços sede, faturamento, tributação e funcionários, num sentido moderno de atividade foram buscar em outra área de negócios seu rendimento.
Desde escritórios enxutos do ponto de vista espacial e de pessoal, com computadores e eles mesmo tocando a atividade foram especular na bolsa de valores, mercado imobiliário e outros meios de transformar os valores da economia real, em virtual, multiplicando ações de papéis, esses investidores estavam fazendo girar uma bola que era alimentada pelo dinheiro "de verdade", para posterior autofagia.
Creio que tenha ficado insustentável o ciclo, tendo vindo a estourar a "bolha" - no caso, relacionado aos imóveis e créditos podres americanos - onde instituições bancárias, com alto crédito virtual, concediam dinheiro real à pessoas sem a mínima capacidade de gerar renda para devolver [com juros] esse crédito concedido. O virtual e o real deixaram de se entender, causando a crise.
É apenas uma visão remota das causas da crise, mas que vejo presente no diário de empresários de muitos ramos.

quinta-feira, 9 de abril de 2009







Tenho vários motivos para fazer esse post. Cá estão.

semana passada re assisti o Iluminado e, devido a questões do filme e de contexto, preciso compartilhar minhas ideias, nem que seja com o blogger.
Estou numa fase de comprar filmes em dvd. Tenho a impressão de que vou acabar como alguns amigos meus, que fizeram uma videoteca em casa na época [continua com acento? ideia, ali em cima, perdeu...] de VHSs e hoje tem um monte de entulho em casa. Bueno. A questão é que estou comprando obras cinematográficas com critérios muito pessoais de escolha. Do diretor à oportunidade, passando por uma boa coleção da revista Veja [alguma coisa boa pela Veja !]. Chama cinemateca Veja, onde 50 títulos MUITO diversos estão ali entabulados, oferecidos com uma revista que disseca o filme, o diretor, os atores a até a trilha sonora a um preço bem razoável cada edição - menos de 15 mirréis.
A coleção vai de O Estranho Sem Nome, western de 1973, dirigido e estrelado por Clint Eastwood [confiram Gran Torino, em cartaz, merecedor de um post próprio] até Uma Linda Mulher, passando por Mad Max e Pulp Fiction. Lógico que não irei comprar todos, inclusive por uma questão de economia, mas principalmente porque Titanic não precisa estar na minha casa.
O Iluminado, então, faz parte dessa leva.
Tinha assistido ao filme uma única, solitária e despropositada vez. Estando de posse da cópia, com uma tv nova pedindo uma estreia de nível, resolvi rodá-lo. Fato interessante e marcante até certo ponto, é de que o sujeito que rabiscou a minha tatuagem leva no antebraço o momento acima, onde a central da face de Jack Nicholson passa por uma fresta de porta de banheiro recém aberta a MACHADADAS.
Montei o cenário em casa - da boa acomodação à escuridão total no recinto.
Prestei a devida atenção e, resultado meio óbvio - exceto para a crítica da época do lançamento, 1980, que caiu de pau no filme, sendo inclusive indicado pro framboesa de ouro - curti muito, memso não sendo fã de filmes de terror. Está muito mais para Os Outros do que para Sexta feira 13.
O grande lance do filme, na minha captação e leitura do livretoembutidoquevemjuntocomofilme é o INFERNO. Claro que para entrar na atmosfera do filme tem que se deixar levar pelo Stephen King - autor do livro que deu origem ao filme - e pelo metafísico/espiritismo/ocultismo/sextosentido [I see dead people] total.
O personagem de Nicholson é um alcoolatra em recuperação, professor e escritor frustrado - ele vai pro hotel pois teria, em tese, tempo e tranquilidade pra escrever. Questões que Kubrick queria ter exposto, mas ficaram fora do filme. Voltando ao andar subterrâneo, vemos o cara, já surtando pela solidão [só o núcleo familiar - esposa e filho], falta do que fazer e de produtividade literária [e o ócio criativo?] e - suponho, pela feiúra da mulher dele, interpretada por Shelley Duvall, vai a o bar do hotel e o vê totalmente vazio. Ato seguinte, Jack [Nicholson] Torrance fala "eu venderia a alma por um drinque". TAÍ. Logo ele vê uma figura bizarra como barman [lembra o Seu Madruga, como Mephistófolis, num Chapolin] e as prateleiras do bar ficam completamente tomadas de uísques, licores e biritas de todas as ordens. Ele bebe. E daí a loucura e o caráter sinistro do filme só aumentam, com a exigência, pelos credores da morte brutal daqueles dois que andam rodando pelo hotel.
Daí a Stephen King ter bebido direto nas maiores fontes do gênero - na bíblia e em GOETHE [, Johann Wolfgang von] é concreto. A clássica troca da alma é o ponto crucial da trama. Mais do que a "iluminação" [suposto dom de ver passado e futuro e ler almas de outros ] que o filho do protagonosta possui [além do cozinheiro do hotel] e que dá nome ao filme. Mais do que a importância da aparição daquelas macabras irmãs não-gêmeas de mãos dadas.
Re [ou] vejam.